sexta-feira, 2 de maio de 2014

O vídeo descreve o processo de aprendizagem da leitura e da escrita nos primeiros passos na alfabetização das crianças.

Acessado às 15:39 no dia 02/05/2014.

DISLEXIA


Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.
Tratamento
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Recomendações
* Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
* O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
* O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
* Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
* Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.
Acessado em 02/05/2014 às 15:28
Link: http://drauziovarella.com.br/crianca-2/dislexia/


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Dificuldades de Aprendizagem no Processo de Leitura

O termo dificuldade de aprendizagem caracteriza as dificuldades no aprendizado de um determinado conteúdo ou habilidade independente de algum diagnóstico. Todos nós em determinado momento da vida apresentamos diante de uma nova atividade ou informação algum tipo de dificuldade. Pode ser o aprendizado de uma segunda língua, uma dança ou para a utilização de um novo equipamento eletrônico.
“… as aquisições cognitivas básicas na organização e estruturação perceptiva, no comportamento impulsivo, na manipulação de uma ou mais variáveis, na conceitualização de um texto lido, na compreensão de direções fornecidas nos testes de avaliação, na captação de ideias principais, na formulação de conclusões relacionadas com dados hipotéticos, no raciocínio espacial, no pensamento inferencial e operacional, etc.” ( Vitor da Fonseca)
A diversidade dessas dificuldades é enorme, porém no contexto escolar as dificuldades de aprendizagem envolvem várias áreas, mas as mais frequentes estão relacionadas ao ensino da língua  e da matemática.
Quando falamos em dificuldade na aprendizagem na leitura e escrita, devemos ter claro quais as características mais evidentes  e a partir daí reestruturar as metodologias de ensino e planejamento para tornar possível a educação de todos os alunos independentes das dificuldades apresentadas.  As dificuldades específicas  de leitura podem se manifestar pela dificuldade na diferenciação e identificação de letras e palavras, a associação das letras, sílabas com os sons produzidos até a dificuldade de compreensão ou a realização de leituras em voz alta.
“ O trabalho do professor é crucial na identificação da natureza das dificuldades que se apresentam. Algumas das quais representam problemas que devem ser enfrentados pelas crianças.” ( Emília Ferreiro)
Por isso torna-se importante a elaboração de materiais e estratégias que possibilitem o prazer e o desenvolvimento do interesse. Buscar na criança ou aprendiz de leitura o conjunto de ideias o sobre o que ele pode ler. Isso difere de pessoa a pessoa e a partir daí um novo caminho mais produtivo e feliz se formará.
Conhecer as fases de leitura e escrita é indispensável para que o professor faça as interferências devidas para auxiliar a criança no desenvolvimento dessa habilidade. Mas as famílias também podem e precisam auxiliar as crianças. A seguir enumero algumas sugestões que podem tornar o dia a dia das crianças mais rico e motivador para o aprendizado: ter contato com livros, revistas, receitas; criação de listas de palavras para o treino da leitura: dias da semana, meses do ano, cores, nome de familiares, brinquedos, frutas etc. A simples tarefa de escrever uma lista de compras para o supermercado e acompanhar a aquisição desses alimentos com a lista torna uma simples visita ao supermercado  em uma situação de aprendizagem; Ordenar e acompanhar a letra de músicas; Criar o hábito da comunicação por meio de bilhetes, avisos ou mensagens e torpedos; Jogo da memória (palavra X imagem); Jogos como forca, cruzadinhos e caça palavras (ou até mesmo Soletrando); Relacionar as letras do alfabeto a palavras de conhecimento da criança.
Quanto mais a criança tiver contato com a linguagem escrita e perceber sua importância e funcionalidade mais rapidamente se apropriará dela. 
Autora: Patricia Alonso de O Fruchi – Coordenadora do setor de Pedagogia
Acessado as 16:14  - 11/04/2014
http://www.projetoamplitude.org/com-a-palavra-amplitude/a-dificuldade-no-processo-de-aquisicao-da-leitura


sábado, 29 de março de 2014

Redes de Aprendizagem da Leitura

Acessado em 29/03/14 as 08:46

Mudança na Problematização de Pesquisa do TCC

Bom dia a todos!
A princípio havia escolhido o tema "Relação entre Família e Escola", mas após realização do meu estágio, em que pela primeira vez estive dentro de uma sala de aula, diagnosticando e observando a metodologia de ensino dos alunos no cotidiano fui sistematizando um novo problema de pesquisa.
Então resolvi trilhar um novo caminho de investigações e análises sobre a "Dificuldades de Aprendizagem da Leitura dos Alunos".  Agora espero que essa problemática seja o meu objeto de pesquisa.
Estou aberto à sugestões e ideias sobre essa temática.
Abraços!
Flavio.

Dificuldades de Aprendizagem na Leitura



DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA

Maria Aparecida de Souza Vieira


RESUMO: A problemática envolvendo o conceito de Dificuldades de Aprendizagem (DA) e o processo de leitura levou a uma pesquisa que objetivava a explanação de forma simples e breve a fim de servir como um primeiro passo dentro de um assunto tão rico e digno de ser esmiuçado.
Antes de se aprofundar em um tema atual e complexo, pensou-se sobre a necessidade uma explicação resumida sobre o assunto, a qual poderá servir de coadjuvante a uma pesquisa mais ampla e que, talvez, ultrapasse o processo de leitura e avance para outros campos como o da escrita e da matemática. O presente trabalho terminou por fazer a relação a que se propôs em seu título a fim elucidar sobre o tema de forma clara, e como dito anteriormente, breve, não menosprezando a riqueza do mesmo.

PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades; Aprendizagem; Leitura; Dislexia.

Introdução

A temática aqui apresentada baseou-se na abordagem das dificuldades de aprendizagem e sua relação com o processo de leitura. 
            Para cumprir o objetivo proposto foi necessário dispor de certos recursos tais como: leitura de livros (tanto especializados quanto correlativos), orientação de profissionais da área de Pedagogia, leitura de trabalhos, nos quais as Dificuldades de aprendizagem DA e/ou o processo de leitura tinham um papel central ou coadjuvante. Com esses recurso foi possível: conceitualizar os problemas e expor o processo de leitura, relacionar e expor as dificuldades específicas ao processo de leitura, organizar a exposição das idéias e priorizar de forma correta tais idéias, o que culminou na solução do problema: quais as Dificuldades no processo leitura e o que se pode fazer.
A escolha do tema se deu pela riqueza do assunto e sua utilidade: o problema levantado centrou-se na necessidade de se saber mais sobre as dificuldades de aprendizagem na leitura porque é através da leitura que o ser humano pode ter o caminho aberto para a aquisição de conhecimento, e que, quando privado dessa abertura se torna prejudicado não somente em relação aos outros, mas principalmente consigo mesmo, já que se priva de um aperfeiçoamento pessoal que poderia lhe chegar mais facilmente se pudesse ter a compreensão necessária a um processo de leitura.
Embora essa apresentação vise a leitura e dê ênfase em seu processo como forma de aquisição de conhecimento, não é o objetivo aqui supervalorizar esse processo a ponto afirmá-lo como mais importante e/ou único, mas sim como um dentre os importantes e facilitadores da vida do homem, sem com isso diminuir as outras fontes de aprendizagem, algumas das quais são anteriores ao processo de leitura.
Por tratar dos conceitos e definições sobre as DA, conseqüentemente tratou também sobre a evolução das mesmas, apontando assim a maneira como eram encaradas e como são vistas hoje, isto é, tinha-se a idéia de que tais dificuldades eram conseqüências de uma deficiência mental que se refletia no ambiente escolar, lhes creditando uma causa neurobiológica, sem atentar para outros fatores como os ambientais, os genéticos e os psicológicos, tais fatores são hoje levados em conta.
Sabe-se que em qualquer época da vida as pessoas podem apresentar dificuldades de aprendizagem. Porém fala-se muito em crianças e jovens quando se trata da dificuldade de aprender, isto porque em fase escolar tal ponto é mais perceptível e preocupante aos pais (por que maioria das vezes percebe a DA nesse período) e aos educadores (por serem também avaliadores da evolução do aprendizado).
Baseados nessa fatia da população, vários estudos foram feitos abordando aqueles que são os pilares que sustentam a razão de uma criança ir à escola: a escrita e a leitura, dois pontos chaves que norteiam os profissionais em suas pesquisas e avaliações, pois muito se sabe a respeito da capacidade de uma criança guardar conteúdos e usá-los mediante sua evolução nesses dois processos.
Por fim, espera-se que, com a feitura desse trabalho, possa-se ter uma idéia, mesmo que simples, do que são DA, do que é o processo de leitura e o quando e por que ocorrem certas dificuldades em tal processo.


2. Dos Problemas de Aprendizagem


            A fim de nortear o leitor para o centro da questão a que este trabalho propõe é necessária uma apresentação prévia, um apanhado geral do que são os problemas de aprendizagem e isso será feito focalizando o indivíduo enquanto criança.
Antes de explanar sobre as DA, é necessário expor que a aprendizagem, que é a capacidade de processar, armazenar e usar a informação é uma função cerebral, no caso da leitura é considerada um processo altamente complexo, mas apesar de ser o cérebro o órgão responsável por tal, os estudos referentes às dificuldades de aprendizagem não se limitam ao campo da medicina neurológica, antes envolve também fatores sensoriais, psicológicos, sócio-culturais, sócio-econômicos, educacionais, etc. Razão pela qual se demonstrará aqui perspectivas além daquelas relacionadas ao cérebro em si (PESTUN 2002).
De uma forma simples, as Dificuldades de Aprendizagem procedem  essencialmente da capacidade de conceitualizar e processar a informação, assim como o desenvolvimento das destrezas. As habilidades afetadas com maior freqüência são: leitura, escrita, processamento auditivo e da fala, raciocínio e matemática (CARRERA, 2009).
            Tais dificuldades são causadas por diferenças no funcionamento cerebral e na forma pela qual o cérebro processa a informação (CARRERA, 2009).
            Fonseca (1995, p. 9) inicia sua obra sobre as DA com uma abordagem histórica:

Se quisermos fazer uma análise histórica, necessariamente superficial, as problemáticas da DA se equaciona em paralelo com o desenvolvimento das sociedades. Nos século XIII e XIV, a entrada para a escola se dava por volta dos 13 anos. No século XVI, os jesuítas estabeleceram a entrada para a escola aos sete anos e criaram as “classes de nível” que podiam ter crianças de oito anos e adultos de 24 anos. No século XVII, nos reinados de Luís XIII e XIV, a entrada na escola é criada aos nove e aos cinco anos, respectivamente. Em pleno século XVIII, as mudanças de atitude decorrentes da filosofia de Rousseau e de Diderot levam ao “ensino para todos e na base da diversidade”. Mais tarde, já no século XIX e XX, as idéias de Montessori, Decroly, Froebel, Dewey, Makarenko, Mendel, Freinet e tantos outros reforçam a necessidade da escola estar aberta à vida, ao mesmo tempo em que devia ser obrigatória para todos e não só para os filhos dos favorecidos ou privilegiados.


Conclui que a escola foi impondo exigências à medida que foi se abrindo a um maior número de crianças, aumentando a taxa de escolarização, o que como conseqüência, implicou obviamente em inúmeros processos de inadaptação. Quando os métodos que eram eficazes para a maioria não serviam, rapidamente se criavam (e criam ainda hoje) processos de seleção e de segregação para outras crianças (Fonseca 1995). Ainda o mesmo autor afirma o poder negativo da escola, quando baseada em pontos de vista que objetivam a modismos baseados somente na obrigatoriedade em aprender:

A escola pode humilhar ameaçar e desencorajar, mais do que reforçar o eu, libertar ou encorajar a criança temos o hábito de dizer que mandamos as crianças para a escola para aprenderem. O que se faz tradicionalmente é ensinar-lhes a pensar erradamente, perdendo elas a espontaneidade e curiosidade, submetendo-as muitas vezes a normas de rendimento e eficácia ou a métodos e correntes pedagógicas que estão na moda (FONSECA, 1995.)

Inicialmente, os estudos do autor direcionam para uma visão sócio-econômica, porém enfatiza a necessidade de uma análise além desse fator, questionando assim as teorias unidimensionais (um problema, um campo de estudo), isto porque estas teorias desacreditam a interação contida no conceito de DA, de que as condições internas (neurobiológicas) e as condições externas (sócio-culturais) desempenham funções dialéticas (psicoemocionais)[...] (Op. Cit. p.10-12).
                                                                                                                
Na aprendizagem humana, os fatores psicobiológicos internos (da criança) encontram-se permanente e dialeticamente em interação com os fatores situacionais externos (da escola, do professor, etc.),[...]. (FONSECA, 1995, p. 12).

           Fonseca (1995), ao discutir as dificuldades de aprendizagem argumenta que, para uma criança aprender é importante que respeitem algumas características da aprendizagem, tais como: desenvolvimento cognitivo, psicomotricidade, maturação neurológica, afeto-emocional além de vários aspectos psicossociais, como as oportunidades de experiências, a exploração de objetos, os jogos e brinquedos, a assistência médica, os princípios educacionais, etc.
          Para Fonseca (1995), dificuldade de aprendizagem aumenta com a falta de condições satisfatória para a realização de um trabalho pedagógico com qualidade (salas superlotadas, materiais insuficiente, professor desmotivado, planejamento distante da prática etc) e poderíamos incluir também aqui falta de estrutura nas práticas educativas familiares, diversidade cultural e                                                                                                  problemas afetivos sofridos na rede de relações familiares e sociais.  Desse modo é importante que o psicopedagogo desenvolva uma postura consciente e contextualizada em relação aos problemas de aprendizagem dos alunos e à qualidade das experiências educacionais a que este educando tem sido submetido, diferenciando problemas de ensino das dificuldades e dos distúrbios de aprendizagem dos alunos.

        Drouet (1998), ao discorrer sobre os distúrbios de aprendizagem, enfatiza que uma primeira e inicial distinção entre distúrbios e dificuldade de aprendizagem referem-se à observação da queixa inicial, na qual o que é mais especifico e comprometedor seria relacionado aos distúrbios de aprendizagem (problema na leitura na escrita na matemática, na atenção, etc.) e o mais geral e momentâneo seria analisado, inicialmente, como dificuldade de aprendizagem (desmotivação, desinteresse, etc.).
Contudo, tal distinção não é tão simples assim, pois muitos problemas na leitura, na  escrita, na matemática, na atenção, considerados pela a autora como distúrbios, também podem originar-se pelos mesmos desencadeadores das dificuldades.
         Da mesma forma, uma criança que apresenta distúrbios de aprendizagem, geralmente, torna-se desmotivada e desinteressada. Ao observarmos esses últimos comportamentos, poderíamos, inevitável e ingenuamente, considerar que a criança pode estar passando por dificuldades momentâneas. Dessa forma esses comportamentos poderiam estar encobrindo problemas maiores e que demandam cuidados e atenção especiais, assim como acompanhamento e intervenção específicos.
         Guerra(2002), ao discorrer sobre a criança com dificuldade de aprendizagem, defende que as dificuldades de aprendizagem aparecem quando a prática pedagógica diverge das necessidades dos mal unos. Ao contrário, quando a aprendizagem é significativa para o aluno, este tornará mais flexível e motivado, menos bloqueado, isto é perceberá mais seus sentimentos, interesses, limitações e necessidades.


3. O que é ler?
            A concepção de leitura que consta nos Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental (1998, p. 69) diz que:
             A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc.
           Não se trata de extrair informações, decodificando letra por letra,palavra por palavra, trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção antecipada, interferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência.
           É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

            Há algum tempo poderia se afirmar que ler é tão somente o ato de decifrar letras uni-las em sílabas e essas em palavras. Porém há outros processos envolvidos no ato da leitura, por isso uma explicação mais detalhada é necessária.
            Para Adam e Starr (1982, apud COLOMER et CAMPS, 2009, p.29) entende-se por leitura a capacidade de interpretar um texto escrito.
.           Para Sacconi (1996) ler também é olhar atentamente para entender o significado de, interpretar mentalmente e obter conhecimento pela leitura.
            Baseando-se nas premissas acima, pode-se chegar a um silogismo comum sobre o que é ler e quem é capaz de fazê-lo, ou seja, ler é entender um texto escrito, se um indivíduo entende logo ele lê.
Para Pestun, Ciasca e Gonçalves (2002), o ato de ler envolve a discriminação visual de símbolos gráficos através de um processo de decodicação. Esse processo exige atenção seletiva. Em seguida há a necessidade de selecionar e identificar equivalentes auditivos (fonemas) através de um processo de análise e tradução, síntese e comparação, a fim de obter significado. Portanto a leitura inclui tanto a integridade do processamento visual quanto fonológico.
Mas se for aprofundado mais ainda esse assunto poderá notar-se uma certa contradição sobre a habilidade de leitura, isso porque nem todos entendem, então, paradoxalmente, nem todos lêem, apesar de saberem  formar palavras com as letras expostas. Mas esta é uma questão sobre letramento, que não será tratada aqui, isto porque este trabalho se delimitará ao processo de leitura em seus estágios de aquisição e evolução.
O processo de leitura deverá tornar-se um processo contínuo, o que está de acordo com a importância e objetivos da leitura segundo Bloom:

Caso pretenda desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e chegar a avaliações pessoais, o ser humano precisará continuar a ler por iniciativa própria. Como ler (se o faz de maneira proficiente ou não) e o que ler não dependerá, inteiramente, da vontade do leitor, mas o porquê da leitura deve ser a satisfação de interesses pessoais. Seja apenas por divertimento ou com algum objetivo específico, [...]. Uma das funções da leitura é nos preparar para uma transformação, e a transformação final tem caráter universal. (BLOOM, 2001, p.17).

                        A partir do ponto em que se define o ato de ler e compreende-se o processo de leitura, pode-se, por dedução, apontar a importância desse.
            Ler se torna importante mais e mais à medida que há um progresso na assimilação de ideias e conceitos.
            Se Ler é aprender (Mortimer, 1954), nisso também consiste sua importância: a leitura torna-se um canal a mais para o ser humano adquirir conhecimentos. A leitura, em se tratando de escola, é um dos meios mais importantes para a consecução de novas aprendizagens (Solé, 1998, p.36).
Para se entender o processo de leitura, deve-se antes atentar para o processo que se lhe está ligado intimamente: a escrita, cujo sistema será resumido (COLOMER, 2008, p.33).
Dos vários transtornos relativos às dificuldades de aprendizagem, como Transtorno Déficit Atenção, dispraxia, discalculia e disgrafia, por exemplo, o que se apresenta como principal para a feitura dessa apresentação é aquele, obviamente, relacionado com o ato de ler, isto é, o transtorno de desenvolvimento da leitura, também conhecido como dislexia. Caracterizam-se em uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções, bloqueios. Produz-se uma afetação, também, da compreensão leitora (GARCÍA, 1998, p.173).
            Findando sobre a definição do ato de ler, as considerações de Colomer e Camps (2008) são deveras úteis, pois definem o ato de ler como algo que ultrapassa um simples ato mecânico, eleva-o como um ato de raciocínio, uma vez que trata de saber orientar raciocínios sobre raciocínios a fim de se chegar a uma interpretação.
            Segundo Stivanin e Scheuer (2007) afirmam que o quadro de transtorno de leitura (dislexia) é caracterizado por desordens específicas de leitura, freqüentemente inesperadas em relação à idade ou outras capacidades cognitivas.
Segundo García (1998, p.173), a dificuldade de aprendizagem na leitura define-se pela presença de um déficit no desenvolvimento do reconhecimento e compreensão dos textos escritos pelo transtorno do desenvolvimento da leitura.
O autor esclarece que tal transtorno não é devido nem à deficiência mental, nem a uma inadequada ou escassa escolarização, nem a um déficit visual ou auditivo, nem a um problema neurológico. Somente pode-se classificar como DA quando ocorre uma alteração relevante do rendimento acadêmico ou da vida cotidiana, ou seja, nem todos que apresentam os fatores acima obrigatoriamente apresentam DA (GARCIA, 1998).
            Ainda, além do conceito formal de dislexia, criaram-se três subdivisões para ela, de acordo com Boder (1973, apud Pestun, 2002), que as relaciona de acordo com os indivíduos que as apresentam: disléxicos disfonéticos, disléxicos diseidéticos e disléxicos mistos.
Disléxicos disfonéticos: Caracterizados pela boa leitura das palavras que conhecem, ou seja, eles memorizam visualmente, mas não lêem, nem escrevem palavras que encontram pela primeira vez. As palavras são adivinhadas a partir do contexto e das indicações como letra inicial ou extensão da palavra, e, com isso, cometem muitos erros de escrita.

Disléxicos diseidéticos: Caracterizam-se por apresentar uma leitura lenta, trabalhosa, mas correta, que se baseia na decodificação fonética. Conseguem ler tanto palavras familiares quanto não familiares, mas apresentam dificuldades em palavras não regulares.

Disléxicos mistos: Reúnem dificuldades dos dois anteriores e freqüentemente apresentam confusões espaciais.
Dislexia é também um distúrbio caracterizado pela dificuldade de identificar, compreender e interpretar os símbolos gráficos da leitura, o que traz, como consequência, dificuldades na escrita. Diferenciar-se das dificuldades comuns resultante de iniciação deficiente, de utilização de métodos de alfabetização inadequados pela sua complexidade.
Quando nos referimos à criança disléxica, eliminamos no inicio aqueles que apresentam perturbações neurológicas, deficiência sensoriais ou intelectuais intensa.

A dislexia é uma  perturbação específica da aprendizagem com origem neurobiológica. Caracteriza-se por dificuldades no reconhecimento  e/ou fluente de palavras escritas, por dificuldades na decodificação. Essas dificuldades resultam, frequentemente,de um déficit no componente fonológico da linguagem.( Capovila ,2002)


4. O diagnóstico e os procedimentos

              O diagnostico dos distúrbios ou dificuldades de aprendizagem é uma das tarefas que contemplam a ação do psicopedagogo, pois envolve o conhecimento amplo da diversidade de fatores que intervem na aprendizagem
            Apesar de ser o cérebro o órgão responsável pelo processo de aprendizagem (FONSECA, 1995), o diagnóstico não deve ser baseado somente nos conhecimentos referentes à área da neurologia, antes, para um diagnóstico mais fidedigno é aconselhável levar em conta os trabalhos e pesquisas de uma equipe interdisciplinar, ou seja, a detecção e o tratamento do transtorno de leitura não deve se restringir somente à esfera de uma ou de outra especialidade isolada, e sim, como defende Pestun e COL (2002), que haja a troca de informação entre as áreas médica, neuropsicológica e pedagógica, o que será fundamental para promover a interdisciplinaridade e, conseqüentemente, ampliar o conhecimento acerca dessa disfunção.
Ainda afirmando sobre a necessidade de uma equipe multidisciplinar, a diversidade de especialistas poderá ajudar na identificação dos três tipos de disléxicos, formulando hipóteses explicativas e objetivos terapêuticos, os quais poderiam trabalhar de acordo com o roteiro apontado por Pestun, (2002), em que o psicólogo poderá conduzir a avaliação emocional, perceptual e intelectual; o pedagogo poderá fazer a avaliação acadêmica; o  fonoaudiólogo poderá conduzir um exame audimétrico (para incluir ou excluir um possível déficit auditivo); o  oftalmologista poderá fazer um exame de acuidade visual (para concluir sobre um possível déficit visual) e o neurologista poderá fazer um exame neurológico tradicional e o evolutivo, afastando a hipótese de comprometimento neurológico.
É útil levar em conta que aprender é um processo multifacetado que apresenta bloqueios e inibições em todos os seres humanos (CARRERA, 2009, p.30). Por isso é importante saber analisar a criança de forma que não se objetive uma doença, levando em conta suas reações diante de um problema, seu comportamento, se às vezes participa ativamente na sala de aula e se, em outras vezes, está isolada. Todos esses comportamentos aparecem na mesma criança e não necessariamente refletem um problema (DA). O que tornaria tais comportamentos significativos seria sua freqüência ou sua repetição
Conforme Capovila (2002, p. 49), a avaliação do aluno disléxico deve ser tanto qualitativa quanto quantitativa. A avaliação deve abranger entrevistas com os pais ou responsáveis e com a criança, alem de observação clinica e análise de relatos  e de registros escolares.
Ainda segundo a autora, de acordo com as diretrizes da British Dyslexia Association, a avaliação qualitativa deve incluir a observação de sinais que podem indicar dislexia.
Tais sinais não são determinantes, ou seja, a criança que apresenta tais sinais não é necessariamente uma criança disléxica, contudo tais sinais são fatores de risco e, portanto, se a criança apresentar várias dessas características, ela deve ser encaminhada para avaliação.

            Em resumo, a fim de um melhor rendimento do aluno que apresenta os distúrbios de leitura e escrita é necessário não julgar (atribuir um problema mental); entender que o rendimento do aluno está interligado a outros fatores que não família ou o seu próprio ser; diante de uma DA aplicar os testes de praxe, mas preferivelmente também buscar o apoio de outros profissionais e também crer que, como professores, a tarefa de educador vai além das paredes da sala de aula, é necessário reconhecer que a matéria é a mesma para todos o alunos, mas cada aluno é diferente diante da matéria, que positivamente (aprende) ou negativamente (apresenta alguma dificuldade).
Cabe ao psicopedagogo ter conhecimento acerca dos distúrbios presentes na linguagem escrita para, assim, ter condições de fazer um diagnóstico preciso. É necessário ter conciência do processo de construção da escrita, levando em conta que muitas caracteristicas encontrados no decorrer desse processo são semelhantes aquelas presentes em crianças que, de fato, revelam distúrbios na linguagem escrita.
        Desse modo, a atuaçãodo psicopedagogo não pode ser restrita ao campo dos distúrbios ou dificuldades de aprendizagem. Sua ação deve ser bem mais abramgente e levar em consideração os aspectos normais e patólogicos do processo do desenvolvimento e aprendizagem do educando. de forma a integrar as várias àreas do conhecimento, a dimensão social e, aisda os diferentes níveis de elaboração da aprendizagem.


CONCLUSÃO

            O trabalho apresentado objetivou apresentar as DA e relacioná-la com o processo de leitura, isto se fez abordando primeiramente as DA em si, após isso abordando o processo de leitura em si e, finalmente, fazendo uma junção simples dos três assuntos.
            Este trabalho foi feito partindo de dois fatores: a necessidade de se conhecer a respeito do assunto por também fazer parte do universo da pedagogia e por último, mas não menos importante, a fim de colaborar com os educadores, tantos os que ai já estão quanto aqueles que se formam agora, para que os mesmos sejam como instrumentos de ajuda àqueles que não podem se beneficiar integralmente dos prazeres e oportunidades que a leitura provê.
Dessa forma, fica o alerta sobre a importancia de não se converter problemas da escola (ensino) em problemas de aprendizagem do educando. è valido alertar o futuro psicopedagogo a ter cautela em sua atuação profissional, principalmente em relação às generalizações, como, por exemplo, afirmar que toda dificuldade de aprendizagem pode ser caracterizada como distúrbio de aprendizagem.
      Sua ação deve ser bem mais abrangente e levar em consideração os aspectos normais e patológicos do processo do desenvolvimento, a dimensão social e individual e, ainda, os diferentes níveis de elaboração da aprendizagem. O psicopedagogo precisa ter uma postura profissional que respeite a complexidade do diagnóstico de dificuldades e distúrbios de aprendizagem.


REFERÊNCIAS

BLOOM. Harold. Como e Por Que Ler. Trad. José Roberto O'Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 20012.

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental: Língua Portuguesa / Secretária de Ensino Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998.

CARRERA, Gabriela (Coord.). Dificuldades de Aprendizagem. S.L.: Cultural, 2009.

CAPOVILA, A. G. S. & CAPOVILA,  F. C. Problemas de Leitura e Escrita: Como Identificar, Previnir, e Remediar Numa Abordagem Fônica. 2 ed. São Paulo: Memnon, 2002.


CAMPS, Anna.COLOMER, Teresa. Ensinar a Ler, Ensinar a Compreender. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.


CIASCA, S. M. (Org) Distúrbio de Aprendizagem: proposta de avaliação interdiciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.


DROUET, R.C. Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1998


FONSECA, Vitor da. Introdução às Dificuldades de aprendizagem, 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 1995.


GARCÍA, Jesus Nicasio. Manual de Dificuldades de Aprendizagem: Porto Alegre: Artmed,1998.

GUERRA, L. B. A. Criança com Dificuldade de Aprendizagem. Rio de Janeiro: Enelibro, 2002.


MORTIMER, Jerome Adler. A Arte de Ler. Trad. Inês Fortes de Oliveira. Rio de Janeiro, Agir,1954.


PESTUN, Magda S. V., CIASCA. Sylvia, GONÇALVES, Vanda  M. A Importância da Equipe Interdisciplinar no Diagnóstico de Dislexia do Desenvolvimento. Arquivos de Neuropsiquiatria. v.60, n2A. São Paulo, Junho/2002.


SACCONI, Luiz Antônio. Minidicionário Sacconi da Língua Portuguesa. São Paulo: Atual, 1996.


SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Trad. Cláudia Schilling. 6ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.


STIVANIN, Luciene. SCHEUER, Claudia. Tempo de latência e Características da Nomeação de Figuras de Crianças com Transtorna da Leitura. In: Revista Brasileira de Educação Especial. v.13, n.2. Marília. maio-agosto/2007.


 




 Acessado em 29/03/14 as 08:16






 




[1] Graduação em Pedagogia; Pós-graduanda em Psicopedagogia pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto,São Paulo, Brasil. E-mail do autor: maria.vieira37@gmail.com. Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa; e-mail: scosta@baraodemaua.br

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A importância da parceria entre família e escola

A família e a escola formam uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir.
Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir crianças e jovens a um futuro melhor.
O ideal é que família e escola tracem as mesmas metas de forma simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem de forma que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de situações que surgem na sociedade.
Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos e dos seus alunos. Alguns critérios devem ser considerados como prioridade para ambas as partes. Como sugestões seguem abaixo alguns deles:

Família

• Selecionar a escola baseado em critérios que lhe garanta a confiança da forma como a escola procede diante de situações importantes;
• Dialogar com o filho o conteúdo que está vivenciando na escola;
• Cumprir as regras estabelecidas pela escola de forma consciente e espontânea;
• Deixar o filho a resolver por si só determinados problemas que venham a surgir no ambiente escolar, em especial na questão de socialização;
• Valorizar o contato com a escola, principalmente nas reuniões e entrega de resultados, podendo se informar das dificuldades apresentadas pelo seu filho, bem como seu desempenho.

Escola


• Cumprir a proposta pedagógica apresentada para os pais, sendo coerente nos procedimentos e atitudes do dia-a-dia;
• Propiciar ao aluno liberdade para manifestar-se na comunidade escolar, de forma que seja considerado como elemento principal do processo educativo;
• Receber os pais com prazer, marcando reuniões periódicas, esclarecendo o desempenho do aluno e principalmente exercendo o papel de orientadora mediante as possíveis situações que possam vir a necessitar de ajuda;
• Abrir as portas da escola para os pais, fazendo com que eles se sintam à vontade para participar de atividades culturais, esportivas, entre outras que a escola oferecer, aproximando o contato entre família-escola;
• É de extrema importância que a escola mantenha professores e recursos atualizados, propiciando uma boa administração de forma que ofereça um ensino de qualidade para seus alunos.

A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação de todo indivíduo. Portanto, pais e educadores necessitam ser grandes e fiéis companheiros nessa nobre caminhada da formação educacional do ser humano.
Por Elen Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

http://educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/a-importancia-parceria-familia-escola.htm - 24/02/14 20:00